terça-feira, 22 de outubro de 2013

40 ANOS




40 anos, 40 vidas, 40 horas..... todas elas com o mesmo denominador comum...o tempo!
Aeroporto do Figo Maduro, em 22 de Outubro de 1973, um Boeing 707 aterrava, com centenas de jovens ávidos de uma nova vida e cheios de esperança de um futuro melhor, depois de 27 meses por terras de Angola.

Hoje, são recordações que se vão esfumando no tempo......



terça-feira, 1 de outubro de 2013

MATAR PARA NÃO MORRER

No mato, 
Onde combato, 
Mato. 
Não sei porque combato 
No mato
Onde ando,
Sem eu querer,
Quere-o o poder,
A combater.
Sem saber o que fazer,
No mato,
Onde combato, 
Só, mato,
Para não morrer!

No morro,
Onde combato,
Morro… 
Sem 
Querer morrer,
No morro,
Onde combato
Mato, 
Sem o saber.
Se eu morrer, 
A combater,
No morro,
Morro sem querer,
Exige-o o poder
Que não posso combater.
Se mato 
É para viver!
Fernando Serrano
Ventos de Guerra







terça-feira, 3 de setembro de 2013

O ZÉ da FISGA

O cartonista Fernando da Silva Gonçalves(Nando), que cumpriu o serviço militar em Angola de 62/64 (Cabinda), teve em alguns dos seus momentos de ócio a criatividade de "criar" um boneco que ficou célebre durante o período da guerra colonial, o Zé da Fisga.
Uma caricatura do soldado português, que se safava, sempre que estava em apuros......



 



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O INICIO-15 DE MARÇO DE 1961

E assim começou uma saga de treze anos, que originou uma flagelação de ideais e na morte de milhares de jovens.......


 

terça-feira, 30 de julho de 2013

ENCONTROS/DESENCONTROS-MOGOFORES 28-07-2013

Mais um encontro anual de gentes de Angola, mais própriamente do Huíge(Songo/Carmona/Quitexe/Negage), etc.








A finalidade é e será sempre a mesma, o entrelaçar de emoções, e um reviver intenso das saudades!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

ALMOÇO EM ERMESINDE EM 13-07-2013

Companheiros....este ano comemoramos no mês de Outubro, 40 anos após o nosso regresso de terras de Angola, onde permanecemos vinte e sete meses. É um privilégio poder estar junto a todos vós, e poder olhar-vos nos olhos e dizer, obrigado camaradas.....
Pela picada da vida, alguns dos nossos companheiros já foram obrigados a parar, deixando-nos a missão de continuarmos o caminho, e assim o faremos. O ano de 2012 foi nefasto para a Onzima, Rato, Marquês e Coelho, todos eles de transmissões, e o Ilídio Figueira, cozinheiro...ficámos mais pobres!
Este é o 12º almoço, convívio, chegámos há dúzia e em todos eles entrelaça-mos amizades e emoções, e sentimos o cheiro da terra africana, e embalámos contos do antigamente, acabando por uma lágrima furtiva aflorar nas nossas faces.
Quero agradecer a todos aqueles que têm comparecido, e manifestar a minha sincera gratidão, extensiva aos familiares que por vezes vos acompanham.
Um bem haja a todos. desejando um feliz retorno aos vossos locais de partida.
Para finalizar cito a frase de um célebre escritor" onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo"....

                                 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CONTRASTES

                                 




                                     
                                    

quinta-feira, 6 de junho de 2013

PARTIDAS....


Voltando novamente a "bater" na mesma tecla, homenagem a mais um companheiro que "caiu" em terras de Angola em defesa da Pátria! O prisma de observação sobre a guerra é multifacetado e pode sempre ter opiniões diferentes, é uma questão de sensibilidade e de interiorização por uma causa! Eu, como milhares de jovens na altura do conflito formamos uma ideia de que iríamos defender algo que nos pertencia, quem na altura tinha moral para opinar o contrário, possivelmente alguns iluminados.... Depois do conflito terminar começaram a germinar os sabedores do reino, fácil ...depois de acontecer os sapientes doutrinavam ideias e sabedorias, valorizando os que "fugiram" para a Suécia. França etc. etc., as decisões são valorizadas enfrentando os problemas e não fugindo deles! Um abraço de fraternidade a todos aqueles que como eu por lá "andaram".

sábado, 1 de junho de 2013

FOMOS MENINOS

O Menino da Sua Mãe


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa


sexta-feira, 31 de maio de 2013

ILÍDIO DOS SANTOS FIGUEIRA

Camarada, companheiro e amigo, partis-te para a última viagem, deixando em todos nós um vazio.
Um até sempre, descansa em paz....


Soldado Ajudante Cozinha
 14239570

17-05-1949 a 07-05-2012

domingo, 5 de maio de 2013

MÃE

Foi para todos nós, a pessoa que nos deu o ser, permitiu-se dizer "és meu" e mais tarde deixou-nos "voar".

Sofreram com intensidade a nossa partida para o incerto, mas dentro delas sempre tiveram a secreta esperança de um dia regressarmos. Algumas infelizmente tiveram a dor de não os ver chegar e "alimentaram" toda uma vida o sofrimento da perda.
Hoje sou um dos que já a viu "partir",no entanto a saudade persiste e dói,por isso aqui quero prestar
a minha sincera homenagem.


A TODAS AS MÃES


à Mãe no mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa

no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade











































































































































































































segunda-feira, 29 de abril de 2013

PEDRO SOLDADO

Já lá vai Pedro soldado
Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada
Triste vai Pedro soldado

Branca rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro marinheiro
Nem o mar é seu caminho

Nem anda a branca gaivota
Pescando peixes em terra
Nem é de Pedro essa roda
Dos barcos que vão à guerra

Onde não anda ceifeiro
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando

Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada
Triste vai Pedro soldado
Manuel Alegre 
  
                               

sexta-feira, 15 de março de 2013

ALMOÇO ONZIMA(12º)



ONZIMISTAS VOLTAM AO ATAQUE

12º ALMOÇO
 13-07-2013


Depois de um interregno de dois anos, voltamos a congregar vontades e vamos juntar o máximo possível de camaradas.
Espero a vossa adesão ao evento, como habitualmente é uma forma de mitigarmos a saudade!

Contactos:   Laranjeira---------918616491
                    Camilo Moreira- --919856044
                     Óscar Ribeiro----- 916752930

quinta-feira, 14 de março de 2013

NA HORA DA DESPEDIDA

Meu filho, posto
soldado
levado para lá do mar
de negro ando vestida
chorando-te até chegares
Dois braços - sei - tu levavas
com quantos voltas não sei…
com duas pernas andavas
e com os olhos enxergavas
aqueles montes além
Meu filho neste baraço
de ódio que nunca vem…
uma farda te vestiram e uma arma te entregaram
a mando não sei de quem…
Puz cinza nos meus cabelos
e com um lenço os tapei
vou chorar-te dia e noite
nessa guerra de
ninguém
Dois braços - sei - tu levavas
com quantos voltas não sei…
Maria Teresa Horta

  

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

MADRINHAS de GUERRA

Combatentes e "madrinhas de guerra" trocavam cartas "de fazer corar" “Madrinhas de guerra” eram quase sempre moças solteiras
 
Os antigos combatentes chamavam-lhes “madrinhas de guerra”, mas algumas das cartas que eles e elas trocavam eram de tal forma “atrevidas” que só com “bolinha vermelha” poderiam ser reproduzidas num qualquer programa de televisão.
“Muitas vezes, os combatentes aproveitavam as madrinhas de guerra para ‘despejarem’ toda a sua criatividade e todas as suas fantasias sexuais”, explicou hoje à Lusa José Manuel Lages, diretor científico do Museu da Guerra Colonial de Vila Nova de Famalicão.
Na quinta-feira, para assinalar o Dia de S. Valentim, aquele museu vai acolher uma tertúlia com alguns dos que viveram na primeira pessoa a experiência de escrever e/ou receber as cartas em cenário de guerra.
Como refere fonte municipal, trata-se de um “casamento improvável” entre uma unidade museológica que evoca um dos mais difíceis e sangrentos estágios da História de Portugal e uma efeméride “tão cor-de-rosa” como o Dia dos Namorados.
A iniciativa integra ainda a exposição temporária de algum do vasto acervo que aquele museu detém nesta área da correspondência de guerra.
José Manuel Lajes confessou “alguma perplexidade” na escolha das cartas da expor, face “às barbaridades e aos termos perfeitamente indecorosos” que muitas delas contêm.
“Mas também há cartas de verdadeiras madrinhas, de pessoas, como professoras, por exemplo, que escreviam aos combatentes apenas e só para lhes darem algum alento”, acrescentou.
As “madrinhas de guerra” eram quase sempre moças solteiras, sendo muitas vezes os respetivos endereços trocados entre os soldados.
Muitas vezes, as pessoas escreviam-se sem se conhecerem pessoalmente, mas há alguns desses casos que resultaram em casamento.
Ao fim de algumas cartas trocadas, as “madrinhas” enviavam fotos normalmente “de corpo inteiro”, para “mostrarem o que valiam”.
“Vestiam a sua melhor roupa, faziam a sua melhor pose e faziam questão que a foto fosse de corpo inteiro”, contou José Manuel Lajes.
Aparentemente, as cartas “sem pruridos” dos combatentes não as escandalizavam, já que as mulheres acabavam por alimentar esse “clima”, com respostas que “levavam sempre a sua pitadazinha de provocação”.
Os “aerogramas”, nome que tinham as cartas, eram disponibilizados pelo Movimento Nacional Feminino, não precisavam de selo e eram transportadas gratuitamente pelos aviões da TAP.
Por vezes, o saco com os aerogramas era atirado do avião, sendo sempre o momento da distribuição da correspondência aguardado com particular ansiedade pelos guerreiros.
“Eu tinha umas cinco ou seis madrinhas e recebia umas 19 a 20 cartas por mês. De que falava? Falava de tudo, era uma espécie de despejar o caixote. Falava-lhes de ser herói, falava-lhes de solidão, falava-lhes de medo, falava-lhes de malandrices”, recorda um antigo combatente.
Lusa



Eu fui Madrinha de Guerra

Isabel Allende diz que “A escrita é para mim uma tentativa desesperada de preservar a memória. Escrevo para que me não vença o esquecimento”.

Todos temos recordações, memórias do passado, antigo ou recente. Há recordações más, situadas em contextos bons e há recordações boas situadas em contextos maus. A recordação que aqui trago enquadra-se neste último tipo. Os anos 60(finais) e 70 preencheram a minha adolescência e juventude. O rock, o flower power, a mini-saia, ocupavam os nossos dias descontraídos enquanto que as baladas, os livros emprestados à socapa e a guerra no ultramar deixavam no ar perguntas sem resposta e desenhavam uma realidade mal compreendida. Todos os rapazes meus conhecidos passavam por um interregno nas suas vidas. Largavam os empregos, as famílias, os amigos e abalavam do cais de Alcântara, aos magotes, para África. O porquê era sempre uma pergunta difícil de responder.
Nessa altura circulava em Portugal uma revista, a “Crónica Feminina”, que, apesar de ser considerada leitura inferior, era lida religiosamente todas as semanas, quer pelas engraçadas tiradas da “D. Licas”, quer pelas novidades da moda, quer pelo foto - folhetim, encaixado nas páginas centrais. Divertíamo-nos com aquilo e isso era parte do nosso pequeno mundo. A última página era uma lista de pedidos de correspondência: Beltrano Sicrano, 1º cabo do RA5, em comissão de serviço na Guiné, deseja corresponder-se com menina dos 17 aos 25 anos, alegre, comunicativa e que goste de música pop. Resposta para o SPM 123456789. Era mais ou menos este o teor do pedido. Entrou na moda, estava na moda.
Então eu respondia a esses gritos de solidão, de liberdade adiada. Durante três ou quatro anos fui madrinha de guerra de uns quantos soldados. Os aerogramas não tinham franquia, pelo que a correspondência circulava com muita assiduidade. Eram palavras simples, descrições do dia a dia, relatos de filmes, letras de canções, poemas, fotografias, postais ilustrados. Enfim, baús cheios de tesouros para quem estava confinado ao mato, à imensidão africana, longe de tudo e de todos.
Havia um dia em que o aerograma trazia a notícia do fim da comissão, o agradecimento profundo pelos bons momentos de leitura e o conforto que as palavras da madrinha desconhecida tinham dado. A vida continuava.
Por duas ou três vezes houve um último aerograma sem resposta do lado de lá. O passar dos dias encarregou-se de apagar a dúvida, um pensamento doloroso.
De todos os afilhados de guerra, só conheci um. Acabada a sua tarefa, voltou para a terra e veio conhecer-me. Trouxe o irmão com quem tinha sido criado e ficou amigo lá de casa. As coisas que ele contava eram um mundo à parte. Ajudou-me a compreender a tal realidade que nos passava um pouco ao lado e trouxe-me algumas respostas às tais perguntas difíceis. Ajudou-me a crescer em consciência. Hoje recordo-lhe o riso franco e aberto. O Tempo, esse insano amigo, levou o resto.
Soma de Letras


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O FACEBOOK


                                           https://www.facebook.com/groups/onzima71/



   Página da Onzima, criada com a finalidade de divulgar e congregar o maior numero possível de camaradas que estiveram em África, no caso em concreto Songo-Angola.
Será mais um dos caminhos que procuro "abrir" para dar a conhecer ás gerações vindouras, o que foi e de que maneira, se processou a guerra, entre os anos de 1961 e 1974, deixando todo um país de luto durante esse período.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

POESIA NA GUERRA


Durante e depois da Guerra Colonial foi produzida muita poesia sobre o acontecimento.Aqui um poema de Ana Coelho, retratando o papel das Madrinhas de Guerra por palavras, o entrelaçar de emoções.



OUTRORA

01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...